domingo, 29 de dezembro de 2019

O AMOR QUER SER PRESENTE




O AMOR QUER SER PRESENTE


O amor não vive de passados, nem sequer se alimenta de futuros.
Quando sentimos a necessidade de inventar futuros é porque a muralha dos sentimentos está a desmoronar. Querer ver para além do horizonte do tempo é ter medo das pedras que estão a começar a soltar-se, deixando que a tempestade da incerteza ganhe espaço entre os dois amantes.
O amor quer ser presente.
O amor quer ser vivido sem tempo, longe do tic-tac de um relógio.
Alimenta-se de emoções reais e impensadas.
O amor aquece-se no calor de dois corpos e não na temperatura de uma qualquer estação do ano.
Passados para o amor são um álbum de recordações para desfolhar numa noite fria em que nos apetece reviver bons momentos junto a uma lareira.
Futuros são sonhos que podem esperar para depois, enquanto nos perdemos com as envolvências do presente, que não deixa espaços livres entre os nossos abraços.
E tudo o que sonhamos é que os abraços que nos pertencem sejam sempre o nosso melhor presente. Que eles fiquem em nós, sem que o tempo os descubra e os tente descolar da nossa pele.
Nada nos conforta mais num dia frio do que a certeza de que há um abraço quente que nos pertence.
Talvez pareça que dito desta forma que o tempo é inimigo do amor. Que o aprisiona, que lhe corta as asas e não o deixa voar. Mas, não essa a realidade, o tempo é tudo o que fazemos com o amor que faz sentirmos-nos vivos.
O amor é livre, protege e conforta-nos. Sem ele nada seriamos, apenas almas despidas a quem nem o calor excessivo do Verão haveria de aquecer.
O amor é a nossa melhor capa, aquece-nos o coração e quem tem o coração quente jamais sentirá frio.