Imagem: Infinita Natureza
"Sem Abrigo"
Que vives na rua ao relento, cansado da vida, cansado de tanto tormento.
Não tens um tecto para te cobrir, uma cama para dormir, comida para saciar a fome, nem tão pouco um afago para te amparar a dor.
Andas a arrastar o desencanto pelas vielas escuras, que nem têm nome de ruas, enquanto a claridade mortiça atiça, a tua bengala, que seguras com muito esforço com a pele dos braços enrugados e gelados.
Os teus cabelos cor de prata, vão sucumbindo quando um movimento maior que as forças te fazem cair na calçada, esburacada e com cheiro nauseabundo.
Ninguém sabe o motivo de seres sem abrigo!
Não nasceste nessa condição como humano.
No entanto, alguma coisa aconteceu na tua encruzilhada, que te colocou no patamar da miséria extrema.
Acompanho os teus passos, e seguindo um raciocínio lógico, acho que consigo descobrir alguma das razões, do estado cortante que te colocou na meta final.
Há sempre uma razão para tudo....
Falta de emprego, para sustentar a família, a perda de alguém que tu amavas incondicionalmente, abandono total daqueles a quem tu deste tudo e hoje te abandonaram.
A procura no álcool para tentar esquecer, e, principalmente a falta de "AMOR".
A solidão não é fulminante, mas é pior que isso.
Vai dilacerando o corpo e a alma.
E assim, nos vamos confrontando diariamente, com cenários, que se tivesse havido na hora certa, uma ajuda imediata, não estariam nas ruas das nossas Cidades, tantos seres humanos a morrer como se fossem animais que o seu dono abandona quando eles têm uma doença e deixaram de ser úteis.
É caso para dizer;
- Refastelados estão, aqueles que têm pão, lagosta e salpicão, e não vêm o mendigo a estender a sua mão.